
Num dos domingos mais frios do ano aqui no Sul, tive contato pela primeira vez com pessoas que marcarão para sempre minha existência e aqueceram minha alma, pela viagem na qual embarcamos juntos, numa nave sonoro-musical pilotada pelo Professor Stenio Mendes, do Núcleo Pedagógico do Grupo Barbatuques.

Os educadores musicais que trabalham com o movimento corporal podem "desbloquear tensões e inibições, conscientizando seus alunos e livrando-os dos preconceitos e condicionamentos sociais que criam inúmeros empecilhos para a livre manifestação do ser em sua integralidade, tornando-os mais criativos” (LIMA e RÜGER, 2007, p.113). A tomada de consciência sobre a importância de se efetivar as relações entre o trabalho corporal e a musicalização pode contribuir muito para um trabalho pedagógico mais significativo.

A relação do movimento corporal na construção do conceito de ritmo (BÜNDCHEN, 2005, p.5) a partir de um trabalho de composição coletiva "favorece a compreensão da estruturação rítmica, desencadeando tomadas de consciência a partir da observação de si mesmo, pois é o próprio corpo em movimento que desenha os tempos no espaço".
Sentir o próprio corpo nesse processo favorece a performance, contribuindo com a afinação, a descontração e a expressividade do grupo.

Rodrigues (2009) estuda as relações entre o movimento corporal e a construção musical investigando as relações possíveis de serem estabelecidas entre a música e a dança. A autora propõe que “para a música, cada gesto explorado e ampliado proporciona uma maior interpretação, musicalidade, dinamismo, melhora da técnica e execução da obra musical” (idem, p. 48) e afirma que “Como a música e a dança são artes afins, completando-se em gesto e sentido, é necessário um novo olhar sobre ambas, desprovido de preconceito, carregado de uma sensível leitura por parte do educador e do sujeito/artista” (idem, p. 49).

Pesquisas francesas, apontam para a importância de fazer do corpo um instrumento de apropriação da linguagem musical. Uma delas é de Claire Noisette (1997) que salienta a necessidade que as crianças possuem de se movimentar. Aliar música e movimento proporciona o prazer da descoberta das possibilidades sonoro-corporais. Tanto músicos quanto dançarinos se beneficiam desta aprendizagem conjunta, já que os dançarinos devem estar à escuta de seu corpo, do corpo dos outros, dos sons e do espaço em volta, e o músico, por sua vez, deve aprender a conhecer seu próprio corpo, a se mexer, a procurar melhorar sua atitude corporal, aprimorando, assim, sua execução e sua capacidade de expressão.

Valeu, queridíssimos!!! Mais um dia compartilhado artisticamente que ficará no meu coração!!!

Márcio, com seu citar indiano, enfeitou nosso encontro e o tornou ainda mais mágico!!
Elinka e Thiaguito, obrigada por tudo!!!
Stenio, nosso guru, repito: és um ser iluminado!!

Referências bibliográficas:
BÜNDCHEN, Denise B. S. A relação ritmo-movimento no fazer musical criativo: uma abordagem construtivista na prática de canto coral. Dissertação de Mestrado. UFRGS – FACED, 2005.
LIMA, Sonia Albano de; RÜGER, Alexandre Cintra Leite. O trabalho corporal nos processos de sensibilização musical. Opus, Goiânia, v. 13, n. 1, p. 97-118, jun. 2007.
NOISETTE, Claire. L’enfant, le geste et le son. Paris: Cité de la Musique, Centre de Ressources Musicales et Dance, 1997.
RODRIGUES, Márcia. Apreciação musical através do gesto corporal. In.: BEYER, E. & KEBACH, P. Org.) Pedagogia da Música: experiências de apreciação musical. Porto Alegre: Mediação, 2009.