domingo, 27 de março de 2011

Passos para um bom projeto de musicalização


Olá, pessoal!

Ao elaborar um projeto de implantação da música na escola, vocês devem pensar em alguns aspectos:

- Qual o tema do projeto?
- Ele está vinculado a outras atividades da escola, de forma interdisciplinar, como oficina paralela às aulas ou de forma integrada às aulas corriqueiras?
- Com qual faixa etária vocês irão trabalhar?
- O que cada turma já sabe sobre música?
- É preciso partir de uma sensibilização musical no trabalho com as crianças ou jovens ou dar continuidade para trabalhos que já vem sendo desenvolvidos na escola?
- Já existem atividades de música na escola?
- Quais os conteúdos que se pretende trabalhar? Ritmo, desenvolvimento melódico, harmônico, jogos e brincadeiras sonoras?


- Quais os objetivos do projeto (geral e específicos)?
- Quais os materiais que serão necessários para o trabalho nas aulas de música? Instrumentos musicais, materiais alternativos recicláveis, apenas o corpo dos aprendizes ou tudo isto?
- Qual a previsão de carga horária para o desenvolvimento do projeto, ou seja, como serão planejadas as aulas em termos de dias, semanas ou meses e a duração de cada aula?

- Com base em que referencial teórico o projeto será desenvolvido? Em métodos ativos, em teorias contrutivistas, em teorias do cotidiano? Em todas estas opções? Em outras?
- O desenvolvimento do projeto contará com que tipos de atividades?
- Qual a previsão para a avaliação deste projeto?



Bem, estas são algumas ações que deverão ser contempladas para se elaborar um bom projeto de implantação de aulas de musicalização no ambiente escolar!

Boa sorte!!!

segunda-feira, 14 de março de 2011

A EDUCAÇÃO MUSICAL EM PROJETOS SOCIAIS DO VALE DO PARANHANA

De abril de 2011 a abril de 2012 estarei realizando nova pesquisa na FACCAT: A EDUCAÇÃO MUSICAL EM PROJETOS SOCIAIS: ANÁLISE DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO VALE DO PARANHANA.

O edital para bolsita desta pesquisa será aberto no próximo mês. Os alunos da FACCAT dos cursos de Pedagogia, Licenciaturas em História, Letras ou Matemática e os alunos da Psicologia poderão concorrer a uma vaga.

Abaixo, o resumo da nova investigação.

A pesquisa visa verificar a Educação Musical praticada no espaço dos projetos sociais no Vale do Paranhana. Pretende-se investigar através dela como ocorrem as práticas musicais realizadas nesses contextos e como estas contribuem para a construção musical, para a inclusão e resgate da cultura local. Através da pesquisa, poder-se-á, mapear a Educação Musical informal na região de estudo e sua repercussão na sociedade local, legitimando-se este espaço, contribuir para que os atuantes nos projetos sociais aprimorem seu trabalho e pensar na implantação da educação musical, obrigatória nas escolas a partir de 2011, de modo mais significativo. Para compreender o fenômeno investigado, analisar-se-á como se instauram as práticas musicais e quais os processos e objetivos da musicalização no ambiente dos projetos sociais das cidades investigadas: Taquara, Igrejinha, Três Coroas, Parobé, Rolante e Riozinho. Pretende-se também verificar se esses espaços geram (ou não) relações interpessoais com base no respeito mútuo e na cooperação e observar o que une as pessoas em torno de atividades musicais em projetos sociais da região. O corpo teórico da pesquisa possui o foco na psicologia social e nas teorias do cotidiano. Utilizar-se-á para o recolhimento dos dados o método clínico piagetiano, que norteará ações de observação e de entrevistas com os agentes envolvidos nos espaços de musicalização dos projetos investigados. Caracteriza-se por uma pesquisa de base, transversal e qualitativa.

palavras-chave: educação informal - musicalização - projetos sociais - Vale do Paranhana

segunda-feira, 7 de março de 2011

MUSIC PAINTING - Glocal Sound - Matteo Negrin

A educação musical e a movimentação corporal - As ideias de Jaques-Dalcroze


O precursor de uma pedagogia específica da música no século XX é do vienense Émile Jaques-Dalcroze, que acabou se radicando na Suíça. Referimo-nos à palavra pedagogia, pois se trata, portanto, de um modelo teórico para embasar as práticas educacionais, em termos musicais. Este autor considera a educação musical, pela primeira vez do ponto de vista do sujeito, introduzindo em suas aulas o movimento corporal e a atividade reflexiva de modo consonante.
A influência indireta do movimento da Escola Nova pode ser evidenciada nos pressupostos do método de Jaques-Dalcroze chamado “Rítmica”. Ele percebeu que o erro da educação musical estava no fato de que os aprendizes não podiam experimentar sonoramente aquilo que escreviam. Naquela época, os professores de música, durante as aulas de harmonia, não deixavam que seus alunos recorressem ao teclado para verificar se aquilo que estavam registrando estava correto. Ao observar que seus alunos, durante as aulas de teoria musical, movimentavam-se, procurando mapear corporalmente determinados intervalos de duração, ou seja, não conseguiam ouvir internamente os sons que escreviam, contentando-se em aplicar as regras aprendidas ou tentando mapear intervalos com o corpo, Dalcroze começou um profundo trabalho de pesquisa. Assim, ele desenvolveu progressivamente um sistema de coordenação entre música e movimento, convencido de que a atividade corporal participava da elaboração de imagens mentais dos sons, que com o ensino tradicional não eram atingidas. Essas primeiras reflexões abrem caminho para novos pensadores aprimorarem e ampliarem o espectro de relações entre construção musical e movimento corporal.


Ele valorizou, portanto, a interação entre organismo e meio no processo de aprendizagem musical. Descobriu que as crianças deveriam aprender música desde muito cedo, para desenvolverem a capacidade de audição interior, a partir da audição e dos movimentos corporais. Sua conclusão foi a de que tudo em música, que é de natureza motriz e dinâmica, depende não somente do ouvido, mas ainda de um outro sentido, que pensou, em princípio, que fosse o tátil, pois os exercícios métricos efetuados pelos dedos ajudariam o progresso de seus alunos. Porém, constatando outros movimentos corporais que seus alunos faziam ao executar o piano, como a ajuda dos pés, oscilações do tronco e da cabeça etc., foi levado a pensar que as sensações musicais, de natureza rítmica, apóiam-se sobre músculos e nervos, ou melhor, sobre o organismo como um todo. Desse modo, Jaques-Dalcroze criou exercícios de caminhadas e paradas, entre outros, habituando seus alunos a reagir corporalmente à audição de ritmos musicais. Este foi o começo do que chamou de Rítmica.


Dalcroze abriu caminho para se pensar a prática de ensino musical de uma forma completamente inovadora. Ele chegou à conclusão de que a musicalidade unicamente auditiva é incompleta e de que existem ligações entre a mobilidade e o instinto auditivo, a harmonia dos sons e durações, entre o tempo e a energia, a dinâmica e o espaço, a música e o caráter, entre a música e o temperamento, entre a arte musical e a dança. Enfim, Dalcroze observa que existe uma dialética entre os processos e que esses possuem um caráter dinâmico. Eis suas grandes descobertas que abriram espaço para que outros pedagogos e, até mesmo, pesquisadores pensassem os processos de aprendizagem em música a partir de uma visão interacionista. Dalcroze abre, assim, espaço para as explorações vocais e instrumentais (piano e percussão), a aprendizagem rítmica através da movimentação corporais (andar, pular, saltar, correr, etc.), enfim, abre o espaço para uma educação do ouvido através do canto, do jogo e do movimento. Este pensador propunha que sentindo a música através do movimento, seus alunos fossem capazes progressivamente de tocar expressando uma maior musicalidade.

Referências:

FONTERRADA, M. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora da UNESP, 2005.

JAQUES-DALCROZE, Emile Le rythme, la musique et l’éducation. Lausanne: Foetisch Frères S. A. Éditeurs, 1919.

Duas fotos são do grupo Barbatuques.