Oi, pessoal! As práticas abaixo foram extraídas de livros, de reflexões feitas por mim e pela professora Denise Bündchen e também por minha orientanda Angélica, que concluiu o curso de Pedagogia da FACCAT em 2009, refletindo, em seu TCC, sobre as práticas de educação musical dos pedagogos de sua região. Essas práticas foram publicadas também no blog do nosso curso de especialização da Feevale “Música: ensino e expressão”. Assim, divido aqui algumas ideias que vocês poderão aplicar no ambiente de sala de aula com crianças da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental.
Atividade nº. 1: Paisagem sonora da sala de aula
Convidar os alunos para em silêncio fechar os olhos e ouvir os sons que são produzidos ao nosso redor, na rua, nas salas ao lado, dos colegas e os sons do próprio corpo. Permanecer em silêncio pelo máximo de tempo possível, de 3 a 10 minutos de acordo com o interesse demonstrado por estes durante o período de escuta.
Fazer questionamentos aos alunos: Que sons ouviram? De carro? Conversa dos colegas... A maioria dos sons foi produzida por você? Pela natureza? Pelos colegas? Pelos automóveis?...E estes sons eram repetitivos? Contínuos ou únicos?
Se os alunos não compreenderem, estes termos serão explicados de forma mais clara, numa linguagem que facilite o entendimento dos educandos.
Após, solicitar que cada um pense em um dos sons ouvidos e memorize-o;
* Em círculo solicitar que cada aluno reproduza este som, primeiramente como quiserem, depois mais forte e em seguida mais suave, sendo que primeiramente cada aluno imitará o som escolhido individualmente, e no momento seguinte todos deverão emiti-lo ao mesmo tempo, cada um poderá, usando a sua criatividade, dar vida a estes sons fazendo movimentos/ criando uma coreografia livre.
Objetivo: Perceber as possibilidades musicais a partir do corpo e dos sons do ambiente.
Atividade nº. 2: Apreciação musical
Os alunos serão motivados a ouvir músicas do CD “sons da natureza”. Após a apreciação questionar os alunos:
O que vocês identificaram nesta música? Som de que?
Como poderia se chamar esta música?
Como eram os sons que escutamos?(forte/ fraco, grosso/fino, triste/alegre...).
Os sons ouvidos se parecem com aqueles que escutamos diariamente? Por quê? E no que diferem?
Propor para os alunos, apreciar a música e reproduzir através de desenho o som com o qual mais se identificaram. Em cada mesa ficará à disposição dos alunos materiais diversificados, os quais poderão utilizar. Concluído o desenho, cada aluno apresentará sua produção artística para os demais colegas e dirá o que desenhou. Os desenhos ficarão expostos na sala de aula.
Objetivo: Ampliar ou desenvolver o gosto pela música, bem como a percepção auditiva.
Atividade nº. 3: Paisagem musical
Propor a criação de uma paisagem musical que se chama “Floresta Noturna”.
Formar um pequeno círculo, solicitar aos alunos que pensem em algum elemento que faça parte da natureza, pensar também em um som que possa representar este elemento. Cada um deverá reproduzir o som desta paisagem noturna, um de cada vez. Depois da montagem da paisagem da floresta, a professora poderá ficar no centro e propor um rondó. Ela deve se dirigir a um determinado aluno cantando o seguinte rondó: “vejo tudo isto dentro da floresta” (2x), este aluno, quando a professora concluir, falará o nome daquilo que imagina na floresta de forma ritmada.
Num outro momento, os alunos poderão pensar em um som e/ou gesto produzido com o seu corpo para representar qualquer elemento da natureza e, individualmente, estes sons serão reproduzidos, depois coletivamente, deixando os alunos criarem as suas formas de representar.
Objetivo: Trabalhar o desenvolvimento rítmico e motor, a criatividade, a afetividade, a apreciação da linguagem musical e dos parâmetros sonoros, através de atividades lúdicas e prazerosas.
Atividade nº. 4: Som e ritmo
A professora convida os alunos para produzirem algum som, utilizando o corpo e após pergunta: O que acham de produzirmos uma música com esses sons? Depois a professora mostra o ritmo e pede que cada aluno faça o som que quiser, acompanhando aquele ritmo.
A professora canta qualquer música e pede que os alunos acompanhem com o som que produziram com o corpo. Depois, que os alunos aprenderem a cantar a música, a professora pergunta se teriam outras formas de cantarem a mesma música, ajudando nesse momento os alunos a explorarem os parâmetros (altura, intensidade, duração e timbre) e as diferentes formas de arranjar uma música.
Objetivo: Sensibilizar os alunos em relação à percepção dos parâmetros do som (duração, altura, intensidade e timbre), desenvolver a criatividade.
Atividade nº. 5: Gaúcho tchê!
Apreciar uma música gaúcha, trazida por um aluno. Após, identificar os sons presentes na mesma, os instrumentos utilizados, o tipo de voz (de Adulto? Criança? Homem? Mulher?). Para isso os alunos serão convidados a deitar no tapete e fechar os olhos.
Refletir sobre a música apreciada: o que sentiram ao ouvir essa música? O que ela fala? Vocês gostaram dela?
Em seguida propor aos alunos para criarem em conjunto uma música sobre o Rio Grande do Sul ou sobre um de seus símbolos (letra e melodia).
Objetivo: Apreciar e refletir sobre a música gaúcha.
Criar letra e melodia de canção (tema: Rio Grande do Sul).
Apreciar uma determinada música e identificar os instrumentos e vozes usadas na mesma.
Obs.: esta tarefa pode ser realizada com músicas de outras regiões do país ou com músicas de diferentes países.
Atividade nº. 6: Criando com instrumentos
Primeiramente a professora organizará a sala, de maneira que as classes dos alunos fiquem nas laterais da sala de aula e então pedirá aos alunos que se coloquem em círculo no centro da mesma, com os instrumentos musicais que criaram em casa com o auxílio da família.
A professora pedirá que cada aluno apresente seu instrumento, falando sobre os materiais utilizados e tocando um pouquinho para os colegas. Após a apresentação de cada aluno, o grupo deverá realizar uma conversação sobre o som que aquele instrumento emite, se conhecem algum instrumento com som semelhante ou não.
Os alunos deverão trocar entre si os instrumentos confeccionados, conhecendo uns os instrumentos dos outros.
Em seguida, a turma deverá ser dividida em grupos de no máximo cinco alunos, e então, criar uma música, sabendo que essa deve ter uma intenção. Os alunos deverão demonstrar algum sentimento com ela (medo, alegria, tristeza, etc.), respeitando um tempo que escolherem.
E por fim, cada grupo deverá apresentar para a turma a música que criou, e os colegas deverão, após, realizar uma conversação sobre o que sentiram ao escutar a música do grupo. Finalmente, o grupo poderá falar qual foi a sua intenção, percebendo se conseguiram ou não transmiti-la para os demais colegas e, se necessário, podem apresentar a música novamente.
Objetivos: Criar instrumentos musicais;
Perceber diferentes timbres, manuseando instrumentos musicais variados;
Criar uma música, demonstrando sua intenção e respeitando sua duração;
Expor seus sentimentos quanto aos sons, músicas escutadas;
Desenvolver a criatividade e as relações sociais na elaboração da tarefa coletiva.
Atividade nº. 7: Falando de música e explorando o mundo sonoro
1º. Dia;
Será feito um questionamento com a turma sobre o conhecimento prévio dos alunos sobre a realidade musical vivida por eles.
O que é música? Como se faz música? Que músicas vocês gostam de ouvir? Onde e com quem vocês escutam música? Vocês têm rádios? E brinquedos com música, têm? Na sua família tem músicos? Entre outros questionamentos.
Expor instrumentos no meio da sala. Deixar que os alunos sintam-se a vontade para se aproximarem e explorarem os instrumentos livremente. Organizados em círculo, cada aluno irá escolher um instrumento, cada um irá produzir um som com seu instrumento e a turma tentará identificar o som (ex: chuva, caminhando, sapo), iniciando por um determinado aluno e seguindo até que todos tenham produzido algum som.
Depois, um aluno iniciará tocando o seu instrumento seguindo pelo círculo até que todos estejam tocando. Tocar conforme a melodia de uma determinada música. Pedir para que toquem variando a intensidade. Perguntar às crianças que música gostariam de cantar e tocar. Deixar que as crianças inventem um arranjo para a música eleita com os instrumentos explorados.
Ao final, conversar sobre o que cada um sentiu durante as atividades. Se a música que produziram era alegre ou triste. Se gostaram ou não, como fizeram para criar o arranjo, etc.
Objetivo: Descobrir o universo musical das crianças, seu contexto cultural.
Desenvolver a criatividade.
Descobrir o mundo sonoro a sua volta e valorizá-lo.
Atividade nº. 8: Loja do Mestre André
Ao chegarem à sala de aula, os alunos irão sentar-se em grupos. Então será pedido que se sentem bem a vontade, após pedir para “aquecerem a boca”, ou seja, fazer careta, passar a língua por dentro da boca, na bochecha, etc.
Após o exercício, ouvir a música “a loja do mestre André”. As crianças irão cantar e fazer sons dos animais e dos instrumentos. Em seguida pedir que os alunos façam ritmos diferentes para a mesma música. Após, dividir os grupos onde uns cantarão as músicas e os outros farão os sons dos animais.
Música: “Foi na loja do mestre André
Que comprei um pianinho
Plim, plim, plim um pianinho
(2x) Foi na loja do mestre André
Que comprei um cachorrinho
“Au, au, au um cachorrinho, etc.”.
Após a música, os alunos podem ir acrescentando instrumentos e animais que gostariam de comprar, colocando seus ritmos.
Objetivos: Perceber os diferentes sons e ajustá-los ritmicamente;
Reconhecer os diversos timbres que os animais emitem e os instrumentos.
Atividade nº.9: O caminhar dos bichos
Se pedirmos, nas primeiras aulas de música para que as crianças toquem alternativamente forte e suave, eles o farão, porém não existe nesse tocar uma real sensibilidade musical. Mas se o adulto pede para as crianças imitarem, sobre os instrumentos, uma formiga caminhando e, depois, um elefante, por exemplo, essas imagens ajudarão às crianças a variar mais seus modos de tocar. Pode-se propor, também, que as crianças imitem corporalmente esses animais. Também se pode propor que as crianças imaginem esses animais se aproximando e se afastando. O resultado será uma música bem suave que se tornará progressivamente mais forte (em terminologia musical isso se chama crescendo e decrescendo).
Objetivo: O efeito sonoro poderá ser mais rico e variado se a escuta for alimentada pela imaginação (os animais, seu modo de se aproximar e de se afastar etc.). Proporcionar situações de diferenciação de intensidade sonora.
Atividade nº. 10: Apresentação de instrumentos
Para que a criança possa escolher futuramente um instrumento que queira aprender, é preciso que ela conheça a diversidade de instrumentos existentes. Portanto, é preciso disponibilizar esse conhecimento em um trabalho de iniciação musical. Essa atividade pode englobar diversos modos de apresentação:
- Pode-se fazer com que as crianças escutem gravações com uma grande diversidade instrumental e salientar as diferenças timbrísticas existentes entre os instrumentos;
- Demonstrar livros nos quais é apresentada a evolução de cada instrumento;
- Visitar conservatórios ou escolas de música, em que as crianças possam ver os instrumentos (se possível, pedindo autorização para que os responsáveis pelo estabelecimento permitam que as crianças toquem nos instrumentos para explorá-los);
- Assistir a espetáculos, concertos ou apresentações artísticas que envolvam alguma atividade musical;
- Levar diferentes instrumentistas para tocarem e falarem sobre seus instrumentos nas horas dedicadas à iniciação musical das crianças.
Objetivo: Proporcionar o conhecimento sobre os diferentes instrumentos e a diferenciação de timbres sonoros.
Atividade nº. 11: Senhor Metrônomo
Nesta atividade, pode-se utilizar um metrônomo para contar uma estória de um senhor que caminha que corre que sobe escadas, que atravessa a rua, etc. As crianças devem formar um círculo em volta da pessoa que vai coordenar o jogo, contando a estória. O coordenador deve contar as aventuras do “Senhor Metrônomo”. Por exemplo: ele sai de sua casa, apressado, diminui aos poucos a velocidade para atravessar a rua etc. A cada frase, o contrapeso do metrônomo é deslocado, e a tarefa das crianças é seguir a nova cadência (batendo o dedo sobre a mesa ou sobre o chão, batendo palmas, marchando etc.).
Objetivo: Coordenações e regulações motoras. Ajustamento motor sobre uma fonte rítmica sonora.
Atividade nº. 12: Canções Inventadas
Para fornecer a regulação da voz cantada, é preferível que a vocalização musical não seja baseada na invocação de formas esquematizadas aprendidas anteriormente. Para isso, deve ser pedido às crianças que inventem uma canção. Cada um fazendo-o no desenrolar da atividade. O coordenador, se souber tocar algum instrumento, pode tentar acompanhar as crianças. Assim, a cada vez, a tonalidade proposta é modificada ao mesmo tempo em que é perguntado à criança quem ela irá escolher para ser a próxima a cantar. Todos são convidados a respeitar o pedido de silêncio durante as apresentações individuais, pois cada um será beneficiado com esta atenção durante sua apresentação.
Regularmente, esta atividade pode ser enriquecida de uma segunda fase de escuta atenta de todas as canções que poderão ter sido gravadas (ou filmadas).
Objetivo: Vocalização musical narrativa acompanhada (ou não) por um instrumentista. Estímulo da ligação audio-vocal e sua regulação.
Atividade nº. 13: Pesca-notas
Cada criança deve, no decorrer da atividade, reproduzir uma pequena frase proposta (vocalmente ou instrumentalmente).
Objetivo: Reprodução imediata de fragmentos melódicos (ou rítmicos). Regulação da voz cantada ou das notas dos instrumentos.
Atividade nº. 14: O elevador
Esse exercício pode ser feito com o auxílio de um teclado ou outro instrumento (um pianinho de brinquedo, por exemplo!), em que o adulto poderá tocar cada nota da escala de dó, juntamente com as crianças da seguinte forma:
a) As crianças sentam em círculo em volta de uma coluna contendo oito “andares”. Ao sinal, todo mundo deve cantar “dó”, depois elevando a mão “ré” etc., até o “dó superior”. Depois do anúncio “atenção à descida”, as notas são anunciadas e seguidas da mão até o “dó grave”;
b) Cada um deve fazer só;
c) A coluna representa o elevador. O orientador do jogo (adulto) apresenta personagens que entram no elevador e pedem para ficar em um andar: setor de vestiário, eletrodomésticos etc. e, sobretudo, no terraço, no andar mais alto, onde há um restaurante. Para a questão “Onde você deseja ir?”, o “senhor” ou a “senhora” que entrou no elevador responde pelo nome da nota : “Eu desejo ir ao mi...”
Objetivo: Vocalização/verbalização da gama tonal com participação motora. Proporcionar situação para a consciência da nota isolada.
Atividade nº. 15: Atividades em grupo
Os iniciantes poderão fazer brincadeiras coletivas, inventar músicas, executar pequenos exercícios em conjunto, o que garante mais diversão e menos tédio às tarefas. Poderão formar duplas ou trios, dando continuação aos trabalhos de improvisação, com pesquisas sonoras mais específicas (a partir do ritmo, da tonalidade etc.). Os jogos de escuta poderão se tornar mais específicos sobre os instrumentos (diferentes tipos de ataques, de emissão etc.) através das observações em conjunto, tendo em vista as diferentes escutas de cada integrante.
Objetivo: Socialização do conhecimento musical; estruturação musical a partir dos conflitos sócio-cognitivos despertados pelos integrantes do grupo; coordenação das tarefas que as próprias crianças distribuem entre elas para a criação de trechos musicais; desenvolvimento da criatividade musical e escuta ativa.
Atividade nº. 16: Cabra-cega musical
As crianças sentam-se em círculo com os olhos fechados. Uma criança, com um instrumento, anda ao redor do círculo, prestando atenção para andar silenciosamente. Ela escolhe qualquer membro do grupo sentado e pára atrás dele, tocando uma música com algum instrumento que escolheu (com a turma dos menores, melhor escolher sempre o mesmo instrumento). A criança escolhida se levanta, pega o instrumento (o mesmo, ou outro) e recomeça o jogo; o que escolheu senta-se silenciosamente no lugar do escolhido. Assim, cada um acha seu lugar, numa atmosfera de confiança, em que não há ganhadores ou perdedores, como deve ocorrer numa pedagogia ativa de despertar.
Objetivo: desenvolver várias noções musicais: uma escuta ativa (a tranqüilidade, a atenção, o som no silêncio), a noção de som no espaço (o som vem de diferentes direções), o controle do corpo (deslocar-se, sentar-se e elevar-se sem fazer barulho), assim como algumas noções mais gerais de espaço (trocar de lugar), de coordenação de regras (realizar o exercício, seguindo as regras) e de afetividade (escolher colegas e ser escolhido).
O que vocês acharam destas atividades? Comentem, dêem contribuições também!!!
Angélica Kieling propôs em seu trabalho que existem várias formas de pôr em prática a música em sala de aula, de modo que os alunos se sensibilizem musicalmente. Mas, deve-se levar em conta que é necessário compreender a música como um processo contínuo, valorizando os sons vocais e corporais, sabendo selecionar um repertório de acordo com a realidade dos alunos, para que eles apreciem e se sintam entusiasmados a participarem das atividades propostas pelo educador.
Até a próxima!
Profe Patrícia.
Patrícia!!!
ResponderExcluirSempre é muito bom revisitar as tuas práticas.
Abraços!!!!!
Com anos de atraso vi teu recadinho!!! Beijos, querida!!!! Saudade!!!
ExcluirMuito bom gostei...
ResponderExcluirQue bom que gostaste!!!
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