domingo, 30 de janeiro de 2011

Último momento do Nosso GEMUS na ABEM Sul



Em junho de 2010, no IPA, em Porto Alegre, ocorreu o Congresso Regional da ABEM Sul. Na oportunidade, aproveitamos para anunciar o término do nosso Grupo de Pesquisa GEMUS (Grupo de Estudos em Educação Musical), liderado pela Professor Doutora Esther Beyer, que infelizmente faleceu em março do mesmo ano.


Sem nossa querida Esther, os rumos do GEMUS, grupo vinculado ao programa de Pós Graduação em Educação da UFRGS, estarão ligados aos rumos de seus próprios integrantes, que carregarão em suas mentes e corações todos os ensinamentos de Esther e discussões acadêmicas entre colegas. Novos grupos surgirão a partir desse trabalho iniciado em 2002. Boa sorte colegas!!!



Que saudade da Esther! Que saudade de todos nós juntos!!!!

Trabalhos de Conclusão da pós-graduação "Música: Ensino e Expressão" da Universidade Feevale: Orientação de Patrícia Kebach

No ano de 2010, entre os meses de julho e setembro, ocorreram as bancas de meus orientandos que participaram da primeira edição da especialização "Música: ensino e expressão" da Universidade Feevale. Abaixo, os títulos e resumos de alguns dos trabalhos de conclusão.

EDUCAÇÃO MUSICAL COM ADOLESCENTES: INOVANDO MÉTODOS E AMPLIANDO CONCEITOS
Autor: MÁRCIO LUIZ LEONINI MACHADO
Banca: Edu Pacheco e Lúcia Teixeira

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo trazer algumas reflexões e propostas sobre a
possibilidade de proporcionarmos ampliações nas concepções musicais e conhecimento de diferentes gêneros musicais para alunos adolescentes de escolas públicas. Observamos que os métodos tradicionais de ensino musical não condizem com a realidade destas escolas e alunos, pois não encontramos nestes ambientes alguns materiais e estruturas para este modelo de aula, além de que, percebemos que para estes alunos, não seriam tão significativas aulas de música nos moldes tradicionais. Através de métodos alternativos próximos as ideias de educadores musicais da segunda geração dos Métodos Ativos, possibilitamos, aos alunos da Rede Estadual de Ensino da cidade de Porto Alegre, formas para alcançarem a ampliação de suas concepções musicais e também a abertura para diferentes gêneros musicais não comuns a suas realidades. Desta maneira, conseguimos verificar como os trabalhos alternativos de educação musical podem proporcionar experiências significativas aos alunos, mesmo com as adversidades comuns encontradas em escolas públicas, conseguindo acrescentar novas perspectivas musicais a estes alunos adolescentes.
Palavras-chave: Educação musical. Escolas públicas. Adolescentes. Métodos


A Epistemologia do Professor: Práticas e Concepções em Educação Musical
Autor: LOUIS MARCELO ILLENSEER
Banca: Flávia Garcia Rizzon e Lúcia Teixeira

RESUMO: O tema central desta pesquisa busca compreender a epistemologia, ou seja, o que o professor de música precisa saber para o exercício de sua função. A partir dos
pressupostos da Epistemologia Genética de Jean Piaget e de um panorama histórico da Educação Musical e de alguns pesquisadores em Educação Musical no Brasil, o presente trabalho visa a apresentar práticas de atividades em Educação Musical desenvolvidas pelo autor, além de análises das atividades e entrevistas com os alunos envolvidos nos processos das aulas de Educação Musical, tendo como referência o método clínico, com entrevista semi-estruturada.
Palavras-chave: Educação Musical, Epistemologia Genética, Construtivismo.

A EDUCAÇÃO MUSICAL AO LONGO DA HISTÓRIA ATÉ OS DIAS ATUAIS: O QUE SE FEZ E O QUE SE FAZ?
Autor: JULIANO FARENZENA
Banca: Paula Pecker e Ana Cláudia Specht

RESUMO: O presente trabalho, após apresentar um breve histórico sobre o ensino e a
evolução dos processos de aprendizagem musical, tem como objetivo elucidar modos de trabalhar com um ensino significativo da música na escola, e também mapear o que ocorre nas práticas musicais atuais, através da observação de aulas de dois educadores musicais, suas posturas, a didática em jogo o conhecimento de ambos e suas atuações em sala de aula. Apresenta subsídios teóricos que permitem uma reflexão crítica sobre a educação musical e seu ensino atual, analisando e buscando um paralelo entre as fundamentações teóricas e as práticas desenvolvidas através destas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, composta de observações feitas em sala de aula e entrevista com os professores de música do Ensino Fundamental observados. Reflexões sobre uma educação musical significativa para todos, seguindo o tripé para educação musical (apreciação, recriação e criação musical) são expostas neste estudo, objetivando que realmente possamos fazer da educação musical um marco na vida dos indivíduos para que se desenvolvam em todos os aspectos da sua vida. As conclusões gerais do trabalho demonstram que as aulas de música dependem da formação do professor na área para que sejam significativas e que os professores estão negligenciando em seus ambientes a criatividade musical.
Palavras – chave: Música. Ensino. Educação Musical. Aprendizagem significativa


EDUCAÇÃO MUSICAL NO CONTEXTO DE ONGs – Investigando um projeto Gaúcho
Autor: NILSON DA SILVA ARAÚJO
RESUMO: Esta pesquisa aborda a prática de educação musical no contexto de um projeto social no interior do estado do Rio Grande do Sul. Trata-se da investigação, através de entrevistas com os idealizadores e participantes, do projeto CUICA – Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes. O propósito do trabalho é investigar como a educação musical está inserida dentro deste projeto social no interior do estado e também observar como se instituiu como ONG que trabalha com a educação musical. Pretende-se, da mesma forma, investigar quais os caminhos que essa organização tomou dentro deste cenário de musicalização no RS. Dessa forma, a intenção da pesquisa é comparar a organização pesquisada com outros ambientes de ONGs do restante do país que também trabalham a Educação Musical em seus contextos. Visa-se, assim, através da presente pesquisa, compreender de que modo a musicalização em contexto de projeto sociais pode contribuir para o desenvolvimento geral e inclusão social daqueles que participam de tais projetos e colaborar para a implantação de novas formas de trabalhar a música em diferentes projetos sociais e ONGs.
Palavras Chaves: Educação Musical - projetos sociais – ONG - CUICA.


A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC DESDE OS SEUS PRIMÓRDIOS
Autor: SÉRGIO PAULO RIBEIRO
RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi resgatar aspectos da história da educação musical no Município de Chapecó-SC, desde os seus primórdios. Entende-se por educação musical o processo de ensino e aprendizagem utilizado para ajudar os estudantes de música a construírem o conhecimento musical, ou seja, os elementos da linguagem musical, a fundamentação teórica, a prática instrumental e vocal, dando ao educando possibilidades de compreensão do processo musical enquanto ouve, executa ou compõe música. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo (entrevistas), que permitiram assim o resgate da história da educação musical no Município de Chapecó-SC no período proposto com resultados satisfatoriamente alcançados.
Palavras-Chave: História da Música em Chapecó, Educação Musical, Escolas de Música.


NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO MUSICAL: O SOFTWARE DE GRAVAÇÃO COMO FERRAMENTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Autor: VITOR RIBEIRO PETERS
Banca: Paula Pecker e Edu Pacheco

RESUMO: A proliferação dos sistemas gravação de áudio digital gerou um novo universo de ferramentas didático-pedagógicas no campo da educação musical. Uma abordagem de ensino voltada à expressão e ao desenvolvimento da criatividade pode aproveitar essas ferramentas (sob a forma de software de gravação e edição de áudio e de instrumentos virtuais) para proporcionar atividades significativas aos educandos. Tomando tais considerações como ponto de partida, realizou-se um estudo de caso para buscar a melhor compreensão dos efeitos do uso de software de gravação no processo de criação musical de adolescentes, respeitando uma abordagem construtivista. A pesquisa se justificou pela necessidade de compreensão da construção do conhecimento musical quando associada às possibilidades de edição e manipulação de áudio. As conclusões do trabalho demonstram que as formas oportunizadas pela tecnologia se incorporaram às composições dos educandos, permitindo que se encontrassem soluções criativas. Os alunos exploraram uma série de formas de manipular o material registrado, da edição do áudio ao uso de instrumentos virtuais e efeitos de guitarra.
Desafiados pelo professor, eles puderam refletir sobre todos os passos da composição, desde a estrutura da composição até a mixagem do resultado sonoro final. Dessa forma, o software de gravação se mostra uma ferramenta eficaz para ser trabalhada nas aulas de música. Os adolescentes cooperaram entre si no momento de suas organizações sonoro-musicais,realizando trocas produtivas com o apoio das novas tecnologias utilizadas. A partir dessa pesquisa, propõe-se que uma educação musical voltada à expressão e ao desenvolvimento da criatividade poderá se apropriar das ferramentas oferecidas pelas novas tecnologias da música.
Palavras-chave: Novas tecnologias, composição musical, adolescentes, construtivismo.


REFLEXÕES SOBRE OS PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM MUSICAL SIGNIFICATIVA
Autor: FILIPE BATISTA MINHO
RESUMO: Após a aprovação da lei 11769/2008, que estabelece a obrigatoriedade do conteúdo musical no currículo escolar, o quadro da educação musical está passando por grandes transformações. Dessa forma, muitos desafios são e serão encontrados pelo corpo docente neste processo. Entre tantos, um destes desafios é a própria inserção e aplicação de estratégias e práticas que tornem a aula de música em algo significativo para o corpo discente, objetivando a construção do conhecimento musical. Sendo assim, este trabalho se volta para a questão dos processos de significação musical construída desde a infância até a idade escolar, propondo, através da análise destas construções, um aprendizado musical significativo que ocorrerá mediante a ação sobre o objeto musical e interação entre professor e aluno. Consequentemente, em sala de aula, esta interação acarreta em novas significações, retificando a importância de uma ação pedagógica consciente a respeito da vivência prévia do aluno para a construção do conhecimento musical.
Palavras-Chave: significação musical, construção do conhecimento, ensino aprendizagem, aprendizado musical, construtivismo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Educação Musical em ONG’s e projetos sociais


O espaço das ONGs é essencialmente um espaço de trocas cooperativas, pois elas surgiram com o propósito de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Com o crescente surgimento de ONGs e projetos sociais, desencadeiam-se novas formas e maneiras de trabalhar a educação musical nestes ambientes. Compreender de que modo os processos de musicalização coletiva podem contribuir para o desenvolvimento musical, das relações interpessoais cooperativas e inclusão social dos agentes envolvidos nestes ambientes é também um modo de legitimar o espaço da Educação Musical em contextos informais.
As pessoas que implantam a educação musical em contextos de projetos sociais têm, além da tarefa de desenvolver a musicalidade dos indivíduos, a de gerar formas de recuperar ações educativas e culturais, aprimorando a capacidade destes indivíduos de atuar de modo autônomo na sociedade, pois além do foco em questões de ordem social, jurídica, econômica e cultural, o ambiente das ONGs tem a ver com a dimensão ética.


Através de uma pesquisa bibliográfica, Santos (2006) propõe que a crescente proliferação dos projetos sociais em educação musical em nosso país, nas últimas décadas, tem suscitado novas buscas, reflexões, caminhos e possibilidades para o ensino e aprendizagem da música neste contexto:
Concluímos então, que para o educador musical atuar nos projetos sociais ou nos demais contextos não-formais de ensino, irá necessitar além de uma formação consistente, uma estratégia adequada para seu trabalho junto às comunidades, com vistas a desenvolver um ensino vivo e criativo. Ensino esse que valorize os conteúdos e sua sistemática, mas também a espontaneidade, a crítica e os valores informais, que saiba lidar tanto com o que é planejado, quanto com o que é inesperado, e, enfim, que saiba adequar consciente e consistentemente seu ensino a cada espaço educativo tendo em vista as distintas particularidades e realidades (...) Enfim, tendo em vista a atual realidade educativa, cultural e política de nosso país, consideramos relevante a iniciativa de propostas e ações que transcendem os limites do contexto escolar, contribuindo, dessa forma, para a recuperação da ação educativa e cultural dos indivíduos, tornando-os cidadãos críticos e participativos na sociedade. Nessa direção, os projetos sociais em música, quando desenvolvidos de forma contextualizada com a realidade social de seu público, podem ser considerados como um importante veículo educativo-musical, visto que tem alcançado significativos resultados musicais e socioculturais junto às comunidades e indivíduos que deles participam (SANTOS, 2006, p. 5).


A música não é somente uma produção lógica, mas também, simbólica, isto é, expressa sentimentos, ideais, valores culturalmente construídos, formas de encarar o mundo simbolicamente. Apontamos para o desenvolvimento musical não como uma evolução moldada por regulações impostas do exterior, mesmo que as formas de interações sociais sejam determinantes no processo de musicalização, mas como um mecanismo de equilibrações mentais em patamares superiores, relacionados ao conjunto de desenvolvimento anterior de cada sujeito.
Certas interações sociais desencadeiam processos de construção de conhecimento, pois o indivíduo, ao coordenar suas ações sobre o real com as de outrem, elabora novas organizações cognitivas. Com base nisto, pensamos que os indivíduos envolvidos em processos de musicalização no ambiente de ONGs podem resgatar valores especiais como a justiça baseada na igualdade e na solidariedade, na medida em que estes espaços visam ao desenvolvimento de relações interpessoais que os indivíduos estabelecem com a suas comunidades e com a sociedade, tornando-os cidadão críticos e participativos, portanto, autônomos. Essa hipótese é gerada a partir da revisão teórica sobre as proposições de autores que pesquisaram o ambiente da Educação Musical no contexto de projetos sociais. Lima (2002), ao relatar o Projeto Música & Cidadania, menciona que a musicalização neste espaço é tratada como “foco de identidade entre as crianças e adolescentes” (p. 22) da comunidade aonde o projeto foi realizado. Portanto, este projeto ligado à ONG CEAFIS (Centro de Apoio à Formação Integral do Ser) localizada na periferia da Grande Florianópolis tem a ver com os processos de ensino e aprendizagem musical neste contexto específico e a análise sobre os significados e repercussões disto na prática da comunidade. Também Kleber (2008) explica que foi possível verificar nos ambientes aonde realizou sua pesquisa, duas ONG’s, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo, que o relacionamento interpessoal é influenciado, não apenas pelas trocas realizadas, mas também pelo contexto geográfico aonde estas ONGs funcionam. Santos (2006a) complementa propondo que a educação musical tem tomado dimensões cada vez mais significativas na sociedade e deve ser estudada de acordo com a realidade cultural de cada indivíduo, valorizando, assim, as múltiplas realidades, contextos e características existentes.
Com base na revisão desses trabalhos, deve-se considerar a multiplicidade dos contextos de musicalização em projetos sociais. Para isso, é preciso refletir mais sobre o assunto, atentando para um fato proposto por Kleber (2008):

As implicações para o campo epistemológico da educação musical incidem em uma visão que reconheça que a produção do conhecimento pedagógico-musical deve considerar múltiplos contextos da realidade social, dissolvendo categorias hierárquicas de valores culturais. Para tanto, é preciso refletir sobre as categorias dominantes de mérito artístico e pedagógico, questionando e problematizando, borrando o limite das estruturas de avaliações e julgamento de práticas musicais. Faz-se necessário, também, reexaminar as relações entre o conhecimento da cultura popular e conhecimento estabelecido pela academia, como já tem sido proposto pela área de educação musical (KLEBER, 2008, p. 234).

Kleber refere-se aos trabalhos de Souza, para quem a Educação Musical deve ser compreendida através das teorias do cotidiano: “A perspectiva dessas teorias analisa o sujeito imerso e envolvido numa teia de relações presentes na realidade histórica prenhe de significações culturais” (SOUZA, 2008, p.7).
Desse modo, o ambiente da Educação Musical nos contextos de ONGs pode contribuir para modificar a trajetória dos indivíduos em situação de risco social, tornando-lhes possível o acesso a capitais sócio-econômico-políticos e culturais valorizados pela sociedade. A diversidade cultural deve ser valorizada nestes espaços.

Referências:

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

KEBACH, Patrícia. Musicalização coletiva de adultos: os processos de cooperação nas produções musicais em grupo. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Porto Alegre, 2008.

KLEBER, Magali Oliveira. A prática da Educação Musical em ONGs: dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Artes. Programa de Pós-Graduação em Música. Porto Alegre, 2006.

LIMA, Maria Helena de. Educação musical/educação popular: projeto música e cidadania, uma proposta de movimento. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Porto Alegre, 2002.

SANTOS. Educação musical nos contextos não-formais: um enfoque acerca dos projetos sociais e sua interação na sociedade. XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM). Anais... Brasília – 2006.

____. Musicalização de crianças e adolescentes: um projeto educativo de transformação social. Dissertação (Mestrado) - Máster of Arts in Music, Campbellsville University, Campbellsville/Recife, 2006ª.

SOUZA, Jusamara (Org.) Aprender e ensinar música no cotidiano. Porto Alegre: Sulina, 2008.

Práticas em Educação Musical para crianças

Oi, pessoal! As práticas abaixo foram extraídas de livros, de reflexões feitas por mim e pela professora Denise Bündchen e também por minha orientanda Angélica, que concluiu o curso de Pedagogia da FACCAT em 2009, refletindo, em seu TCC, sobre as práticas de educação musical dos pedagogos de sua região. Essas práticas foram publicadas também no blog do nosso curso de especialização da Feevale “Música: ensino e expressão”. Assim, divido aqui algumas ideias que vocês poderão aplicar no ambiente de sala de aula com crianças da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental.

Atividade nº. 1: Paisagem sonora da sala de aula

Convidar os alunos para em silêncio fechar os olhos e ouvir os sons que são produzidos ao nosso redor, na rua, nas salas ao lado, dos colegas e os sons do próprio corpo. Permanecer em silêncio pelo máximo de tempo possível, de 3 a 10 minutos de acordo com o interesse demonstrado por estes durante o período de escuta.
Fazer questionamentos aos alunos: Que sons ouviram? De carro? Conversa dos colegas... A maioria dos sons foi produzida por você? Pela natureza? Pelos colegas? Pelos automóveis?...E estes sons eram repetitivos? Contínuos ou únicos?
Se os alunos não compreenderem, estes termos serão explicados de forma mais clara, numa linguagem que facilite o entendimento dos educandos.
Após, solicitar que cada um pense em um dos sons ouvidos e memorize-o;
* Em círculo solicitar que cada aluno reproduza este som, primeiramente como quiserem, depois mais forte e em seguida mais suave, sendo que primeiramente cada aluno imitará o som escolhido individualmente, e no momento seguinte todos deverão emiti-lo ao mesmo tempo, cada um poderá, usando a sua criatividade, dar vida a estes sons fazendo movimentos/ criando uma coreografia livre.
Objetivo: Perceber as possibilidades musicais a partir do corpo e dos sons do ambiente.


Atividade nº. 2: Apreciação musical

Os alunos serão motivados a ouvir músicas do CD “sons da natureza”. Após a apreciação questionar os alunos:
O que vocês identificaram nesta música? Som de que?
Como poderia se chamar esta música?
Como eram os sons que escutamos?(forte/ fraco, grosso/fino, triste/alegre...).
Os sons ouvidos se parecem com aqueles que escutamos diariamente? Por quê? E no que diferem?
Propor para os alunos, apreciar a música e reproduzir através de desenho o som com o qual mais se identificaram. Em cada mesa ficará à disposição dos alunos materiais diversificados, os quais poderão utilizar. Concluído o desenho, cada aluno apresentará sua produção artística para os demais colegas e dirá o que desenhou. Os desenhos ficarão expostos na sala de aula.
Objetivo: Ampliar ou desenvolver o gosto pela música, bem como a percepção auditiva.

Atividade nº. 3: Paisagem musical

Propor a criação de uma paisagem musical que se chama “Floresta Noturna”.
Formar um pequeno círculo, solicitar aos alunos que pensem em algum elemento que faça parte da natureza, pensar também em um som que possa representar este elemento. Cada um deverá reproduzir o som desta paisagem noturna, um de cada vez. Depois da montagem da paisagem da floresta, a professora poderá ficar no centro e propor um rondó. Ela deve se dirigir a um determinado aluno cantando o seguinte rondó: “vejo tudo isto dentro da floresta” (2x), este aluno, quando a professora concluir, falará o nome daquilo que imagina na floresta de forma ritmada.
Num outro momento, os alunos poderão pensar em um som e/ou gesto produzido com o seu corpo para representar qualquer elemento da natureza e, individualmente, estes sons serão reproduzidos, depois coletivamente, deixando os alunos criarem as suas formas de representar.
Objetivo: Trabalhar o desenvolvimento rítmico e motor, a criatividade, a afetividade, a apreciação da linguagem musical e dos parâmetros sonoros, através de atividades lúdicas e prazerosas.

Atividade nº. 4: Som e ritmo

A professora convida os alunos para produzirem algum som, utilizando o corpo e após pergunta: O que acham de produzirmos uma música com esses sons? Depois a professora mostra o ritmo e pede que cada aluno faça o som que quiser, acompanhando aquele ritmo.
A professora canta qualquer música e pede que os alunos acompanhem com o som que produziram com o corpo. Depois, que os alunos aprenderem a cantar a música, a professora pergunta se teriam outras formas de cantarem a mesma música, ajudando nesse momento os alunos a explorarem os parâmetros (altura, intensidade, duração e timbre) e as diferentes formas de arranjar uma música.
Objetivo: Sensibilizar os alunos em relação à percepção dos parâmetros do som (duração, altura, intensidade e timbre), desenvolver a criatividade.


Atividade nº. 5: Gaúcho tchê!

Apreciar uma música gaúcha, trazida por um aluno. Após, identificar os sons presentes na mesma, os instrumentos utilizados, o tipo de voz (de Adulto? Criança? Homem? Mulher?). Para isso os alunos serão convidados a deitar no tapete e fechar os olhos.
Refletir sobre a música apreciada: o que sentiram ao ouvir essa música? O que ela fala? Vocês gostaram dela?
Em seguida propor aos alunos para criarem em conjunto uma música sobre o Rio Grande do Sul ou sobre um de seus símbolos (letra e melodia).
Objetivo: Apreciar e refletir sobre a música gaúcha.
Criar letra e melodia de canção (tema: Rio Grande do Sul).
Apreciar uma determinada música e identificar os instrumentos e vozes usadas na mesma.
Obs.: esta tarefa pode ser realizada com músicas de outras regiões do país ou com músicas de diferentes países.

Atividade nº. 6: Criando com instrumentos

Primeiramente a professora organizará a sala, de maneira que as classes dos alunos fiquem nas laterais da sala de aula e então pedirá aos alunos que se coloquem em círculo no centro da mesma, com os instrumentos musicais que criaram em casa com o auxílio da família.
A professora pedirá que cada aluno apresente seu instrumento, falando sobre os materiais utilizados e tocando um pouquinho para os colegas. Após a apresentação de cada aluno, o grupo deverá realizar uma conversação sobre o som que aquele instrumento emite, se conhecem algum instrumento com som semelhante ou não.
Os alunos deverão trocar entre si os instrumentos confeccionados, conhecendo uns os instrumentos dos outros.
Em seguida, a turma deverá ser dividida em grupos de no máximo cinco alunos, e então, criar uma música, sabendo que essa deve ter uma intenção. Os alunos deverão demonstrar algum sentimento com ela (medo, alegria, tristeza, etc.), respeitando um tempo que escolherem.
E por fim, cada grupo deverá apresentar para a turma a música que criou, e os colegas deverão, após, realizar uma conversação sobre o que sentiram ao escutar a música do grupo. Finalmente, o grupo poderá falar qual foi a sua intenção, percebendo se conseguiram ou não transmiti-la para os demais colegas e, se necessário, podem apresentar a música novamente.
Objetivos: Criar instrumentos musicais;
Perceber diferentes timbres, manuseando instrumentos musicais variados;
Criar uma música, demonstrando sua intenção e respeitando sua duração;
Expor seus sentimentos quanto aos sons, músicas escutadas;
Desenvolver a criatividade e as relações sociais na elaboração da tarefa coletiva.



Atividade nº. 7: Falando de música e explorando o mundo sonoro

1º. Dia;
Será feito um questionamento com a turma sobre o conhecimento prévio dos alunos sobre a realidade musical vivida por eles.
O que é música? Como se faz música? Que músicas vocês gostam de ouvir? Onde e com quem vocês escutam música? Vocês têm rádios? E brinquedos com música, têm? Na sua família tem músicos? Entre outros questionamentos.
Expor instrumentos no meio da sala. Deixar que os alunos sintam-se a vontade para se aproximarem e explorarem os instrumentos livremente. Organizados em círculo, cada aluno irá escolher um instrumento, cada um irá produzir um som com seu instrumento e a turma tentará identificar o som (ex: chuva, caminhando, sapo), iniciando por um determinado aluno e seguindo até que todos tenham produzido algum som.
Depois, um aluno iniciará tocando o seu instrumento seguindo pelo círculo até que todos estejam tocando. Tocar conforme a melodia de uma determinada música. Pedir para que toquem variando a intensidade. Perguntar às crianças que música gostariam de cantar e tocar. Deixar que as crianças inventem um arranjo para a música eleita com os instrumentos explorados.
Ao final, conversar sobre o que cada um sentiu durante as atividades. Se a música que produziram era alegre ou triste. Se gostaram ou não, como fizeram para criar o arranjo, etc.
Objetivo: Descobrir o universo musical das crianças, seu contexto cultural.
Desenvolver a criatividade.
Descobrir o mundo sonoro a sua volta e valorizá-lo.

Atividade nº. 8: Loja do Mestre André

Ao chegarem à sala de aula, os alunos irão sentar-se em grupos. Então será pedido que se sentem bem a vontade, após pedir para “aquecerem a boca”, ou seja, fazer careta, passar a língua por dentro da boca, na bochecha, etc.
Após o exercício, ouvir a música “a loja do mestre André”. As crianças irão cantar e fazer sons dos animais e dos instrumentos. Em seguida pedir que os alunos façam ritmos diferentes para a mesma música. Após, dividir os grupos onde uns cantarão as músicas e os outros farão os sons dos animais.
Música: “Foi na loja do mestre André
Que comprei um pianinho
Plim, plim, plim um pianinho
(2x) Foi na loja do mestre André
Que comprei um cachorrinho
“Au, au, au um cachorrinho, etc.”.
Após a música, os alunos podem ir acrescentando instrumentos e animais que gostariam de comprar, colocando seus ritmos.
Objetivos: Perceber os diferentes sons e ajustá-los ritmicamente;
Reconhecer os diversos timbres que os animais emitem e os instrumentos.


Atividade nº.9: O caminhar dos bichos

Se pedirmos, nas primeiras aulas de música para que as crianças toquem alternativamente forte e suave, eles o farão, porém não existe nesse tocar uma real sensibilidade musical. Mas se o adulto pede para as crianças imitarem, sobre os instrumentos, uma formiga caminhando e, depois, um elefante, por exemplo, essas imagens ajudarão às crianças a variar mais seus modos de tocar. Pode-se propor, também, que as crianças imitem corporalmente esses animais. Também se pode propor que as crianças imaginem esses animais se aproximando e se afastando. O resultado será uma música bem suave que se tornará progressivamente mais forte (em terminologia musical isso se chama crescendo e decrescendo).
Objetivo: O efeito sonoro poderá ser mais rico e variado se a escuta for alimentada pela imaginação (os animais, seu modo de se aproximar e de se afastar etc.). Proporcionar situações de diferenciação de intensidade sonora.

Atividade nº. 10: Apresentação de instrumentos

Para que a criança possa escolher futuramente um instrumento que queira aprender, é preciso que ela conheça a diversidade de instrumentos existentes. Portanto, é preciso disponibilizar esse conhecimento em um trabalho de iniciação musical. Essa atividade pode englobar diversos modos de apresentação:
- Pode-se fazer com que as crianças escutem gravações com uma grande diversidade instrumental e salientar as diferenças timbrísticas existentes entre os instrumentos;
- Demonstrar livros nos quais é apresentada a evolução de cada instrumento;
- Visitar conservatórios ou escolas de música, em que as crianças possam ver os instrumentos (se possível, pedindo autorização para que os responsáveis pelo estabelecimento permitam que as crianças toquem nos instrumentos para explorá-los);
- Assistir a espetáculos, concertos ou apresentações artísticas que envolvam alguma atividade musical;
- Levar diferentes instrumentistas para tocarem e falarem sobre seus instrumentos nas horas dedicadas à iniciação musical das crianças.
Objetivo: Proporcionar o conhecimento sobre os diferentes instrumentos e a diferenciação de timbres sonoros.

Atividade nº. 11: Senhor Metrônomo

Nesta atividade, pode-se utilizar um metrônomo para contar uma estória de um senhor que caminha que corre que sobe escadas, que atravessa a rua, etc. As crianças devem formar um círculo em volta da pessoa que vai coordenar o jogo, contando a estória. O coordenador deve contar as aventuras do “Senhor Metrônomo”. Por exemplo: ele sai de sua casa, apressado, diminui aos poucos a velocidade para atravessar a rua etc. A cada frase, o contrapeso do metrônomo é deslocado, e a tarefa das crianças é seguir a nova cadência (batendo o dedo sobre a mesa ou sobre o chão, batendo palmas, marchando etc.).
Objetivo: Coordenações e regulações motoras. Ajustamento motor sobre uma fonte rítmica sonora.



Atividade nº. 12: Canções Inventadas

Para fornecer a regulação da voz cantada, é preferível que a vocalização musical não seja baseada na invocação de formas esquematizadas aprendidas anteriormente. Para isso, deve ser pedido às crianças que inventem uma canção. Cada um fazendo-o no desenrolar da atividade. O coordenador, se souber tocar algum instrumento, pode tentar acompanhar as crianças. Assim, a cada vez, a tonalidade proposta é modificada ao mesmo tempo em que é perguntado à criança quem ela irá escolher para ser a próxima a cantar. Todos são convidados a respeitar o pedido de silêncio durante as apresentações individuais, pois cada um será beneficiado com esta atenção durante sua apresentação.
Regularmente, esta atividade pode ser enriquecida de uma segunda fase de escuta atenta de todas as canções que poderão ter sido gravadas (ou filmadas).
Objetivo: Vocalização musical narrativa acompanhada (ou não) por um instrumentista. Estímulo da ligação audio-vocal e sua regulação.

Atividade nº. 13: Pesca-notas

Cada criança deve, no decorrer da atividade, reproduzir uma pequena frase proposta (vocalmente ou instrumentalmente).
Objetivo: Reprodução imediata de fragmentos melódicos (ou rítmicos). Regulação da voz cantada ou das notas dos instrumentos.


Atividade nº. 14: O elevador

Esse exercício pode ser feito com o auxílio de um teclado ou outro instrumento (um pianinho de brinquedo, por exemplo!), em que o adulto poderá tocar cada nota da escala de dó, juntamente com as crianças da seguinte forma:
a) As crianças sentam em círculo em volta de uma coluna contendo oito “andares”. Ao sinal, todo mundo deve cantar “dó”, depois elevando a mão “ré” etc., até o “dó superior”. Depois do anúncio “atenção à descida”, as notas são anunciadas e seguidas da mão até o “dó grave”;
b) Cada um deve fazer só;
c) A coluna representa o elevador. O orientador do jogo (adulto) apresenta personagens que entram no elevador e pedem para ficar em um andar: setor de vestiário, eletrodomésticos etc. e, sobretudo, no terraço, no andar mais alto, onde há um restaurante. Para a questão “Onde você deseja ir?”, o “senhor” ou a “senhora” que entrou no elevador responde pelo nome da nota : “Eu desejo ir ao mi...”
Objetivo: Vocalização/verbalização da gama tonal com participação motora. Proporcionar situação para a consciência da nota isolada.

Atividade nº. 15: Atividades em grupo

Os iniciantes poderão fazer brincadeiras coletivas, inventar músicas, executar pequenos exercícios em conjunto, o que garante mais diversão e menos tédio às tarefas. Poderão formar duplas ou trios, dando continuação aos trabalhos de improvisação, com pesquisas sonoras mais específicas (a partir do ritmo, da tonalidade etc.). Os jogos de escuta poderão se tornar mais específicos sobre os instrumentos (diferentes tipos de ataques, de emissão etc.) através das observações em conjunto, tendo em vista as diferentes escutas de cada integrante.
Objetivo: Socialização do conhecimento musical; estruturação musical a partir dos conflitos sócio-cognitivos despertados pelos integrantes do grupo; coordenação das tarefas que as próprias crianças distribuem entre elas para a criação de trechos musicais; desenvolvimento da criatividade musical e escuta ativa.

Atividade nº. 16: Cabra-cega musical

As crianças sentam-se em círculo com os olhos fechados. Uma criança, com um instrumento, anda ao redor do círculo, prestando atenção para andar silenciosamente. Ela escolhe qualquer membro do grupo sentado e pára atrás dele, tocando uma música com algum instrumento que escolheu (com a turma dos menores, melhor escolher sempre o mesmo instrumento). A criança escolhida se levanta, pega o instrumento (o mesmo, ou outro) e recomeça o jogo; o que escolheu senta-se silenciosamente no lugar do escolhido. Assim, cada um acha seu lugar, numa atmosfera de confiança, em que não há ganhadores ou perdedores, como deve ocorrer numa pedagogia ativa de despertar.
Objetivo: desenvolver várias noções musicais: uma escuta ativa (a tranqüilidade, a atenção, o som no silêncio), a noção de som no espaço (o som vem de diferentes direções), o controle do corpo (deslocar-se, sentar-se e elevar-se sem fazer barulho), assim como algumas noções mais gerais de espaço (trocar de lugar), de coordenação de regras (realizar o exercício, seguindo as regras) e de afetividade (escolher colegas e ser escolhido).

O que vocês acharam destas atividades? Comentem, dêem contribuições também!!!
Angélica Kieling propôs em seu trabalho que existem várias formas de pôr em prática a música em sala de aula, de modo que os alunos se sensibilizem musicalmente. Mas, deve-se levar em conta que é necessário compreender a música como um processo contínuo, valorizando os sons vocais e corporais, sabendo selecionar um repertório de acordo com a realidade dos alunos, para que eles apreciem e se sintam entusiasmados a participarem das atividades propostas pelo educador.

Até a próxima!
Profe Patrícia.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Educação Musical: PÓS-GRADUAÇÃO "MÚSICA: ENSINO E EXPRESSÃO"

http://aplicweb.feevale.br/especializacao/musica-ensino-e-expressao---3-edicao

Educador musical: um pesquisador em ação!

O professor de educação musical precisa ser alguém que elabora planos de atividades, aplica métodos em função de sua concepção teórica e daquilo que considera importante em termos de desenvolvimento musical em determinado momento. Ele deve observar o comportamento de sua turma e analisar se aquilo que propõe foi significativo para poder dar prosseguimento aos seus planos futuros, de acordo com o gerenciamento de seu programa da disciplina elaborado no início do semestre. Tudo isto qualificará suas ações didático-pedagógicas. Desse modo, podemos dizer que em sua atividade cotidiana, o professor de música deve ser um “professor pesquisador”, pois deve pesquisar, ou seja, observar, verificar, analisar, adequar suas ações de acordo com a avaliação que faz das ações, tanto docentes quanto discentes, que observa no ambiente de sala de aula. Portanto, um bom professor é um pesquisador, no sentido amplo.

Turmas da primeira e segunda edições do pós de música da Feevale

Turma da 2ª edição do curso.










Turma da 1ª edição do curso.